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O Vietname possui uma história rica e complexa. Ao longo dos séculos, o povo vietnamita enfrentou ocupações estrangeiras, guerras civis e transformações sociais e económicas profundas. Localizado no Sudeste Asiático, o país faz fronteira com a China, o Laos e o Camboja. Desde cedo, construiu uma identidade cultural própria, moldada tanto pela geografia como pelas relações externas. Consequentemente, o Vietname apresenta uma combinação única de influências locais e estrangeiras.

Origens

A fundação do Vietname remonta ao Rei Hùng, por volta de 2879 a.C. Embora essa narrativa esteja envolta em mitos, é essencial para a identidade nacional. Adicionalmente, simboliza uma ligação ancestral entre o povo e o território.

Irmãs Trung

Representação das irmãs Trung

Mais tarde, no século II a.C., a dinastia Han da China passou a controlar a região. Entre 111 a.C. e 938 d.C., o território integrou o império chinês. Durante esse longo domínio, registou-se uma forte influência cultural, visível na escrita, com a introdução de caracteres chineses e na organização social. Contudo, a população local resistia com vários motins. O mais famoso ocorreu em 40 d.C., quando duas irmãs, Trung Trac e Trung Nhi, lideraram uma revolta bem-sucedida e conseguiram governar o país durante três anos. Desde então, o povo homenageia a coragem dessas heroínas nacionais, que simbolizam a luta pela independência.

Independência e Dinastias do Vietname (938–1858)

A independência formal iniciou-se em 938 d.C., quando Ngô Quyen venceu os chineses na Batalha do Rio Bach Dang. A partir de então, várias dinastias consolidaram o Estado vietnamita. Além disso, expandiram o território para sul e resistiram às invasões mongóis nos séculos XIII e XIV.

Invasões Mongóis no Vietname

Invasões Mongóis no Vietname

Contudo, os séculos XV e XVI trouxeram conflitos e instabilidade interna. O país enfrentou guerras civis entre os senhores Trinh e Nguyen. Mais tarde, a revolta dos Tây Son agravou ainda mais o cenário. Apesar das dificuldades, em 1802, Nguyen Ánh unificou o território e fundou a dinastia Nguyen.

Colonização Francesa (1858–1954)

A partir do século XIX, o Vietname tornou-se alvo da expansão imperialista francesa. Em 1887, após intervenção militar, França anexou o território e integrou-o na Indochina Francesa, que incluía também o Laos e o Camboja.

Indochina Francesa

Mapa da Indochina Francesa

Durante o domínio colonial, os franceses construíram infraestruturas e introduziram o ensino ocidental. Todavia, o sistema favorecia apenas os interesses da metrópole e das elites locais. Por conseguinte, surgiu um forte descontentamento social.

Nesse contexto, emergiram movimentos nacionalistas e revolucionários. Em 1927, formou-se o Partido Nacionalista Vietnamita (VNQDD). Pouco depois, em 1930, Ho Chi Minh fundou o Partido Comunista do Vietname, que se tornaria protagonista da luta pela independência.

Ocupação Japonesa e Guerra da Libertação (1940–1954)

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão ocupou o Vietname entre 1940 e 1945. Apesar disso, os franceses mantiveram a administração. Em 1945, após a derrota dos países do eixo, onde estava incluído o Japão, Ho Chi Minh proclamou a independência em Hanói, num evento conhecido como Revolução de Agosto.

Contudo, França tentou restaurar o controlo colonial. Como resultado, começou a Primeira Guerra da Indochina em 1946, entre o exército francês e o Viet Minh. Liderado por Ho Chi Minh, o movimento revolucionário vietnamita resistiu com sucesso. Com efeito, a Batalha de Diên Biên Phu, em 1954, marcou a derrota francesa. Posteriormente, o Acordo de Genebra dividiu o país em duas partes: o Norte comunista e o Sul, apoiado principalmente pelos EUA.

Conferência de Genebra (1954)

Conferência de Genebra (1954)

Guerra do Vietname (1955–1975)

Na sequência dessa divisão, o Vietname entrou num dos conflitos mais relevantes da Guerra Fria. De um lado, o Norte procurava reunificar o país sob o regime comunista, com apoio da União Soviética e da China. Do outro lado, o Sul contava com apoio militar e económico dos Estados Unidos, na tentativa de manter a sua independência.

Guerra do Vietname

Guerra do Vietname

A partir de 1965, os americanos intensificaram a sua intervenção, enviando tropas e promovendo bombardeamentos em larga escala. O conflito causou milhões de mortes e destruiu grande parte do território. Em 1975, com a queda de Saigon, o país foi finalmente reunificado. No ano seguinte, proclamou-se oficialmente a República Socialista do Vietname.

Mesmo após o fim da guerra, o país enfrentou graves dificuldades. A coletivização e a centralização económica não produziram os resultados esperados. Além disso, o Vietname enfrentou sanções internacionais e isolamento político. Dessa forma, agravaram-se a fome e a pobreza e a economia estagnou.

Reformas Doi Moi e Abertura Económica (1986–presente)

Perante esse cenário, o governo comunista lançou, em 1986, o programa Doi Moi, que significa “renovação”. Através desse plano, introduziu-se uma economia mais liberalizada, incentivando o investimento estrangeiro mas sem prescindir do poder político central.

Desde então, o crescimento económico tem sido constante. O país diversificou a economia, apostando nas exportações, na indústria leve e, mais recentemente, na tecnologia. Adicionalmente, o Vietname aderiu à Organização Mundial do Comércio em 2007 e integrou vários acordos comerciais. Além disso, tornou-se membro ativo da ASEAN.

Entrada do Vietname na OMC

Entrada do Vietname na OMC

Com o passar do tempo, o crescimento urbano e os investimentos em infraestrutura transformaram profundamente o perfil socioeconómico do país. Como resultado, a qualidade de vida da população melhorou consideravelmente.

Vietname no Século XXI

Atualmente, o Vietname destaca-se como uma potência emergente no Sudeste Asiático. A estabilidade política, a juventude da população e os níveis elevados de literacia tornam-no atrativo para investidores estrangeiros.

Vietname atualmente

No entanto, nem tudo são conquistas. Persistem desafios importantes, como as desigualdades regionais, a corrupção, a poluição e as restrições às liberdades civis. Apesar desses obstáculos, o país continua a reforçar a sua posição internacional. Ao mesmo tempo, procura equilibrar o crescimento económico com o controlo político.

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