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Principe herdeiro Mohammed Bin Salam

Contexto económico:

A Arábia Saudita possui uma das maiores economias do Oriente Médio, suportada principalmente pela produção e exportação de petróleo, sendo atualmente o maior exportador de petróleo do mundo. O país detém a segunda maior reserva comprovada de petróleo do mundo e é um dos líderes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

A economia do país é dependente dos hidrocarbonetos, que representam cerca de 70% das receitas do governo e mais de 40% do PIB. Nos últimos anos, o governo tem buscado diversificar a economia por meio do plano Visão 2030.


Arábia Saudita consolidada como o maior exportador de petróleo do mundo.

Plano Visão 2030

A visão 2030 é um plano estratégico, lançado pelo príncipe herdeiro Mohammed Bin Salam, que tem como principais objetivos:

  • Reduzir a dependencia do petróleo
  • Desenvolvimento dos setores de atividade pública (saúde, educação, infra-estruturas e turismo)
  • Maior investimento em tecnologia
  • Aposta nas energias renováveis
  • Fortalecer o setor privado para que o estado deixe de ser o maior empregador
  • Atrair investimento estrangeiro

Este plano tem como principais destaques uma maior abertura ao turismo internacional, (flexibilização dos vistos), desenvolvimento de megaprojectos futuristas, maior participação das mulheres no mercado de trabalho e um maior investimento em entretenimento, (cinema, shows e eventos desportivos internacionais).

Mas será possível um projecto realizar mudanças tão drásticas numa sociedade tradicionalmente conservadora e que permaneceu fechada durante tanto tempo?

Enquanto uma camada mais jovem da sociedade esta entusiasmada com estas reformas, existem também aqueles que acreditam que estas reformas podem ser demasiado drásticas. Ainda assim há um consenso geral de que as antigas estruturas já não são adequadas para os desafios tanto regionais como internacionais.

Controvérsias deste plano

O contraste entre estas reformas e manutenção da repressão política no país cria vários pontos de interrogação em relação a este projeto. A Arábia Saudita mantém uma monarquia absoluta onde não existem eleições livres, a liberdade de expressão é fortemente limitada, os críticos políticos são presos ou exilados e as reformas são impostas em consulta popular.

Embora o plano promova reformas económicas e sociais, não há abertura política real. O poder continua centralizado na figura do príncipe Mohammed Bin Salman , e as críticas ao governo são duramente reprimidas.

No que toca o investimento no entretenimento, o país reabriu cinemas em 2018, como parte da Visão 2030, no entanto, os filmes exibidos são cuidadosamente censurados: cenas de beijo, personagens LGBTQ+, temas religiosos sensíveis ou críticas ao governo são frequentemente cortados ou proibidos.

Quanto aos megaprojetos de infraestrutura, como a cidade futurista NEOM, têm sido criticados por exploração de trabalhadores migrantes, especialmente do Sul da Ásia, com relatos de más condições de trabalho e abusos.

Apesar do discurso de diversificação dos investimento, ainda se assiste grande parte dos investimentos sendo destinados ao setor petrolífero.

Estes e outros aspectos levam vários analistas a afirmar que este plano trata-se de uma estratégia para o melhoramento da imagem do país para o exterior, enquanto internamente o controle excessivo se mantém.

A Visão 2030 representa um dos projetos de transformação mais ambiciosos do século XXI, propondo acabar com a dependência do petróleo, diversificar os investimentos e posicionar a Arábia Saudita como uma potência moderna.

No entanto, os avanços económicos e sociais são acompanhados de muitas contradições, incluindo repressão política, censura cultural e fortes desigualdades sociais. A modernização promovida pelo príncipe Mohammed bin Salman revela-se, assim, uma faca de dois gumes: promove mudanças visíveis, mas mantém intacto o controle autoritário do regime.

A grande questão permanece, será possível haver desenvolvimento real sem liberdade?